quarta-feira, 3 de junho de 2020

CPMI aponta que governo Bolsonaro publicou 653 mil anúncios em sites de fake news

O governo do presidente Jair Bolsonaro publicou 653.378 anúncios em 47 páginas de notícias falsas, segundo levantamento da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, no Congresso.

A análise inclui canais que mais veicularam inserções da campanha “Nova Previdência” do governo, entre 6 de junho e 13 de julho de 2019.

Para o presidente Jair Bolsonaro , fake news é livre expressão

O documento, revelado pelo jornal O Globo, foi produzido por consultores legislativos da Casa, com base em informações enviadas pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), por meio do Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC).

De acordo com os consultores, foi possível comprovar a existência de inserção de publicidade em sites de notícias falsas, incluindo diversos que já vêm sendo monitorados pela CPMI.

Segundo o documento, “destaquem-se os sites Jornal 21 Brasil (84.248 impressões), Imprensa Viva (65.661 impressões), Gospel Prime (44.750), Diário do Brasil (36.551 impressões) e Jornal da Cidade Online (30.508 impressões)”.

Ainda de acordo com o relatório, um dos campeões de veiculação, com 66.431 impressões, foi o site “Sempre Questione”.

A página traz “matérias” sobre múmias alienígenas escondidas em pirâmides do Egito, colisões de átomos que abrem portais para o inferno e baleias encontradas em fazendas a centenas de quilômetros do litoral.

Os técnicos do Congresso também identificaram anúncios em canais dedicados a promover a imagem do presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, foram identificadas 2.065.479 impressões de anúncios do governo federal em canais de conteúdo inadequado (4,37% das 47.188.047 impressões avaliadas).

Chamou a atenção dos consultores o fato do canal no youtube Terça Livre TV, do blogueiro Allan dos Santos, integrar a lista de veículos que receberam publicidade oficial, com 1.447 impressões.

O documento diz ainda que “é muito difícil ou mesmo impossível identificar os proprietários da maior parte dos canais que recebem anúncios do Governo Federal por meio do Google Adsense, algo que põe em risco a avaliação do cumprimento dos requisitos legais necessários para que uma entidade se habilite como fornecedor de um produto ou um serviço ao Poder Público”.

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